A atriz Luciana Vendramini foi no mês de maio protagonista do primeiro beijo gay na TV aberta, na novela Amor e Revolução, do SBT. A cena envolvendo sua personagem, a advogada Marcela, e a da atriz Giselle Tigre, a empresária Marina, foi ao ar no dia 12 de maio.
A exibição da cena foi tão comentada que a emissora de Silvio Santos conseguiu alcançar pela primeira vez a Record desde o início da trama, com o empate de sete pontos no Ibope.
O Virgula conversou com a atriz sobre a experiência, preconceito e como está sendo a aceitação do público. Leia o que ela respondeu:
O seu beijo com a atriz Giselle Tigre teve uma enorme repercussão. Como foi gravar a cena? Tudo correu naturalmente ou houve algum constrangimento?
Não imaginava que seria tão comentada. Primeiro que eu achava que já havia acontecido, não imaginava que o Brasil estava tão atrasado assim. Por outro lado fiquei feliz como atriz por realizar o primeiro beijo gay. Gravar a cena foi muito simples. Antes, nosso diretor, Reynaldo Boury, nos levou à ilha de edição para mostrar a cena de amor de Maria Paixão e José Guerra (personagens centrais da novela). Claro que ficamos mais tranquilas, pois a cena estava linda e foi de muito bom gosto. Na sequência fomos ao estúdio gravar o beijo, conversamos como ia ser feito e fizemos um ensaio. Depois gravamos duas vezes e pronto, tínhamos a cena.
Você imaginava toda essa repercussão?
Como disse antes, não imaginava que teria essa repercussão, mas fico feliz que tenha sido positiva. O público gostou e a cena foi passando amor e verdade. Na rua as pessoas torcem pra que Marcela fique com Marina, e isso eu não esperava.
Protagonizar um beijo gay na televisão brasileira, onde sempre houve preconceito, é resultado da maturidade de um ator. Você acha que isso é reflexo da sua maturidade como atriz?
Com certeza é uma maturidade como atriz. Hoje estou preparada pra tudo. O fato de ter estudado teatro com Antunes Filho me deu esse amadurecimento e confiança, não tenho medo de ter desafios na minha carreira, já que amo o que faço.
Você aceitaria esse desafio no começo da carreira?
Claro que aceitaria fazer a cena no começo, mas com certeza hoje estou mais madura e confiante.
O beijo, neste momento em que ocorreram manifestações homofóbicas no país, pode ajudar a combater o preconceito? Tem essa expectativa?
Tem uma repercussão maior, claro, mas acredito que tenha ajudado as pessoas a encarar com naturalidade a homossexualidade, já que hoje é tão comum termos amigos ou parentes gays.
Depois da veiculação da cena, você chegou a receber cantadas de mulheres? Se sim, como você lidaria com isso?
Ainda não tive cantadas depois da cena (risos), mas agiria como hétero, sem precisar agredir ninguém. E não demonstraria nenhum preconceito, mas deixaria claro que aquilo foi apenas uma cena de novela.
Interpretar um homossexual sempre divide o público, mas tem aqueles que caem logo no gosto do povo, como o Julinho de Ti-Ti-Ti, pro exemplo. Qual foi o feedback que você teve dos gays?
Não tive muito contato com público, pois estou gravando muito. Mas na minha academia foi super positivo e o mais surpreendente é que todos apoiam o casal e torcem pelo amor da Marcela pela Marina, já que é tão sincero.
Você já foi a alguma Parada Gay ou ajudou a promover alguma campanha anti-homofobia?
Já fui à uma passeata e foi muito divertido. Isso tem uns 10 anos, mas não tenho preconceito algum com nada. Todos têm livre arbítrio e temos que respeitar todos.
Em entrevistas recentes, você e a Giselle Tigre disseram que o beijo foi só o começo. O que vem por aí?
Nós estamos preparadas para fazer a primeira cena de amor gay também. Nosso diretor sempre dá uma espetadinha nesse assunto, dizendo que a cena vem aí...
Fonte:UOL/Virgula
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