sábado, 30 de abril de 2011


FONTE: Virtuália - O Manifesto Digital

NO FERIADO DO DIA DO TRABALHO COMPLETARÁ 30 ANOS DO ATENTADO A BOMBA NO RIOCENTRO

Pressionada pelas comunidades internacionais, pelas provas irrefutáveis de tortura e assassínio nos bastidores dos serviços de inteligência, a ditadura militar brasileira, desgastada e agonizante, viu-se obrigada a mudar os seus métodos de repressão, oferecendo uma abertura política lenta e gradual, iniciada no fim do governo do general Ernesto Geisel.
Em 1979, o general João Figueiredo assumiu a presidência, herdando o processo de abertura iniciado no governo anterior. Diante do inevitável colapso da ditadura, o principal objetivo do último governo Figueiredo era trazer as tropas que estavam no poder de volta às casernas, sem que se lhe fosse imputadas culpas e responsabilidades pelos danos durante os anos que se mantiveram no poder, salvaguardando que viessem a responder pelas mortes nos seus porões.
Extinto o Ato Institucional nº 5 (AI 5), o processo de abertura tornou-se irreversível. A partir de 1979 os sindicatos tomaram fôlego, as greves por melhores direitos voltaram; o movimento estudantil reconstruiu as suas organizações extintas; lideres políticos e sindicais voltaram aos palanques, ressuscitando as comemorações do 1 de Maio, Dia Internacional do Trabalho; jornais de esquerda voltaram a circular nas bancas de revistas.
Assustados com as manifestações, silenciadas por anos através de uma aguda repressão, inconformados com o fim do regime instaurado em 1964, partes conservadoras do velho sistema passaram a promover atos de sabotagem no processo de abertura, radicalizando suas ações através de atentados terroristas com bombas explodindo bancas de revistas, redação de jornais de esquerda, sede de entidades como a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), ou locais onde ocorresse apresentação de espetáculos de protesto. O terrorismo promovido pela ala radical do regime militar tinha como objetivos a desestabilização do processo de abertura e evitar a entrega do poder aos civis.
As comemorações do 1 de Maio, proibidas desde 1968, eclodiram por todo o país a partir de 1979, sendo pontuadas com grandes espetáculos reunindo os maiores nomes da Música Popular Brasileira da época. Em 1981, na noite de 30 de abril, um desses grandes shows realizava-se nos palcos do Riocentro, no Rio de Janeiro, quando uma bomba explodiu no estacionamento de carros local. Meia hora depois, uma segunda bomba explodia na casa de força quando a cantora Elba Ramalho fazia a sua apresentação. Além de ícones da MPB, como Chico Buarque, Gal Costa, Gonzaguinha, Zizi Possi e muitos outros, uma platéia de vinte mil pessoas assistia ao espetáculo. A bomba, explodida antes da hora, matou o sargento Guilherme Pereira do Rosário e feriu gravemente o capitão Wilson Machado, portadores dos explosivos. A fatalidade que matou os próprios algozes, evitou que se fizesse mártires dentro da MPB, desmascarando os serviços de inteligência da ditadura militar, encerrando de vez a fase das bombas sobre a abertura. A empreitada terrorista entrou para a história como o Atentado do Riocentro, sem que os seus mentores e envolvidos jamais fossem punidos.

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