AS RODAS DE SAMBA NUNCA MAIS SERÃO AS MESMAS SEM DENÍ.
Fotos abaixo por Alexandre Carvalho.
O leitura de Imprensa homenageia hoje aquele que foi um dos maiores versadores caciqueanos de todos os tempos. No dia 15 de Setembro parou o coração do cantor e versador Odemir de Lima, conhecido públicamente como Dení de Lima.O pai Orlando de Lima e o Tio Osório de Lima, eram motivo de orgulho de Dení que passou a frequentar as rodas de samba no Cacique de Ramos onde conheceu diversas personalidades entre elas o compositor Beto sem Braço, e o eterno parceiro Zeca Pagodinho, com quem gravou em parceria as músicas: - Hei de Guardar Teu Nome/Vou lhe Deixar no Sereno/ e a Macumba da Nega em 1986, e mais recentemente em 1998(versão original) -A Faixa Amarela. Zeca era uma pessoa por quem Dení tinha profunda admiração, respeito e amizade.
DIAS ANTES - A DESCONFIANÇA
Deni de Lima morava com Alexandre Carvalho e família. Alexandre que foi seu diretor e produtor lembra dias antes da morte do cantor, que Deni já aparentava ter algo errado, por isso ligou para a filha mais velha do Dení e perguntou se ela poderia o acompanhar. disse Alexandre: -"Chamei o SAMU , mas poxa, sem saber do real estado dele e já que eu estava sobrecarregado com meu trabalho. Era um encontro inadiável junto a meu advogado para tratar de particulares na justiça, no mínimo o que eu queria era que alguém o acompanhasse para um hospital, pelo menos naquele dia. E é claro aparentemente não parecia nada grave.
Alexandre explica que tratava-se inicialmente de um mal estar, mas de qualquer maneira era importante tentar verificar junto a um hospital próximo do que se tratava, que foi o que fez.
Alexandre: -Naquela manhã Dení, depois de me acordar chamando como se pedisse para abrir a porta da rua, permanecia sentado no 'braço' do sofá, me parecia preocupado, até porque ele tinha "caído na farra" naquela mesma semana, então eu perguntei o que ele sentia e ele me disse que sentia uma dor suportável no peito, e uma leve dor de cabeça.
-"No "fundo" desconfiei que se podia se tratar de um infarto, por isso na 1º(primeira) tentativa de internação chamei imediatamente o SAMU e alertei a filha dele para que o internasse, e ela veio me liberar para umas atividades que eu tinha junto ao judiciário, tive certeza que ela daria conta. -Dení desceu as escadas andando, apenas amparado por dois agentes do SAMU, na portaria ele sentou numa "cadeirinha" que saltou da ambulãncia do SAMU.
-Dení me perguntou apenas se poderia voltar pra cá pra casa, e eu respondi que é claro que sim.
DESCASO NO SOUZA AGUIAR
Alexandre continua: - Depois de partirem para o hospital(Deni e filha), fui informado pela filha mais velha do Dení que ele havia sido atendido no Souza Aguiar.
-Ora?!-Quando o paciente sai para ser atendido, não se sabe onde será atendido, por isso até então não sabíamos para onde ele iria realmente, já que ela quis acompanhar o próprio pai, me senti mais aliviado certo de que ele seria atendido tranquilamente, ressalta. -Lá pelas 18:30 me toquei que ninguém havia me ligado e então liguei para o celular dela para saber onde ele havia sido internado. Foi aí que fiquei mais surpreso! Soube que ele havia sido atendido no Hospital Souza Aguiar e para "sorte" Dení não tinha nada grave(na verdade um grande engano).
SEGUIRAM PARA A ABOLIÇÃO
Alexandre explicou também que Dení seguiu provisóriamente para a casa do recém falecido pai dele, no bairro da Abolição, subúrbio do Rio de Janeiro. -Soube que a casa estava vazia, assim os parentes fariam o que fosse necessário para ele se alimentar bem e descansar. Falei com ele e ele me disse que estava tomando remédio pra dor de cabeça e que logo deveria melhorar, assim acreditava o Dení, disse Alexandre.
A REVELAÇÃO NO HOSPITAL DO ANDARAÍ
- Quando internei o Dení posteriromente no Hospital do Andaraí, soube pelo Neurocirurgião que diante à tomografia tirada no próprio Hospital do Andaraí acusava o diagnóstico de um derrame 7 dias antes de chegarmos lá no Andaraí, ou seja, o problema havia começado lá no Souza Aguiar.
O fato é que somente entendi do que se tratava quando internei ele no próprio Hospital do Andaraí.
-Foi aí então que eu atinei tudo aquilo, ou seja, que por volta de uma semana antes, se o Dení tivesse sido atendido adequadamente certamente estaria vivo e sem sequelas, mas " infelizmente " no Hopital Souza Aguiar foi atendido e dispensado com um pequeno AVC - "Acidente Vascular Cerebral". Liberados então, Dení e a filha mais velha juntos seguiram para o bairro da Abolição para passar uns dias.
O médico deixou claro que se Dení tivesse sido tratado adequadamente no Souza Aguiar certamente estaria fora de risco e sem sequelas.
TOMÓGRAFO QUEBRADO DO SOUZA AGUIAR(DIAS ANTES DA 1ºINTERNAÇÃO )
Conforme denúncia publicada na matéria do Jornal O Extra do dia 29 de Setembro de 2010, pag.05, o tomógrafo estava quebrado a 13 dias, o que nos leva a crer que é possível que estivesse quebrado a mais tempo, além disso até Agosto do ano passado já havia computado mais de mil mortes, e no mês de Setembro estimava-se 133 obtos na emergência por mês no HOSPITAL SOUZA AGUIAR.
Na mesma matéria do jornal O Extra, profissionais se queixavam da contratação de médicos inexperientes por déficit de pessoal, da falta de medicamentos, do tomógrafo quebrado entre outras demandas não atendidas.
A FALTA DE UM ATENDIMENTO DIGNO
-Questionei a falta de um exame por mais simples que fosse, como um exame de sangue por exemplo, mas ela não soube me dizer porque eles haviam se resumido apenas em um atendimento superficial. - Não sei se foi um caso de racismo ou outro preconceito, imperícia ou...enfim., mas dias depois, quando internei o Dení no outro hospital(Andaraí), fiquei sabendo que o Souza Aguiar estava uma bagunça pela própria imprensa, disse Alexandre.
NO RETORNO PARA CASA - 1 DIA APENAS
O cantor Deni de Lima voltou para casa dia 7 de Setembro (véspera da internação do Andaraí) e lá ficou apenas 1 dia, no dia seguinte passou mal e em choque foi levado as pressas para o Hospital do Andaraí por Alexandre. Dení morava com Alexandre há alguns anos, desde que se separou da amiga com quem vivia em Vila Isabel. Entre idas e vindas tentou a vida em São Paulo e voltou para o Rio de Janeiro sem avisar e numa situação muito difícil. Então o amigo Alexandre Carvalho, ao descobrir o levou novamente para casa. -"Dení era muito orgulhoso, e não queria que eu soubesse que as coisas não deram certo lá em São Paulo, por isso não me contou, explica Alexandre.
AO CHEGAR EM CASA DE BOM HUMOR BRINCOU, MOSTROU UMA BÍBLIA E COM UM OLHAR DIFERENTE AFIRMOU: -PAREI DE BEBER PARCEIRO!
-"Era feriado de 7 de Setembro, tinha sintomas de sinusite, e ao chegar em nossa casa deixado por um amigo, "Dení" logo me pediu para ver se eu conseguia na próxima semana alguma consulta médica para ele. Já estava combinado, e já que não aparentava estado grave, não podíamos adivinhar, nem as filhas, nem ele(Dení) e muito menos eu, diz Alexandre. -"Foi uma surpresa ver o "Dení" chegando pela manhã sorrindente e confiante com aquela Bíblia gigante em mãos, foi surreal(rizos), lembro-me que ele estava de camisa branca social, com uma camisa azul por baixo e de calça jeans marrom. -A primeira coisa que ele me disse foi: -"Alexandre, parei de beber entrei pro seu time, estou 'zero kal', fica tranquilo".
"VEM COM CHEIRO DE SAUDADE"
-Seguindo lá para o quarto dele localizado no interior da minha cobertura lá no Maracanã-RJ, então pela sala "Dení" foi me dando os parabéns pelos meus 6 anos de casado, e me contou que esteve no dia anterior(dia 06) no pagode do Renasceça e por lá bebeu apenas refrigerante. Depois me contaram que ele cantou "Vem Com Cheiro De Saudade", e tchau; foi embora . Lá em casa em primeiro lugar foi logo pedindo para que eu ligasse pro Serginho Merití para visita-lo, já que iria fazer um show aqui no Rio de Janeiro, no Centro Cultural do Banco do Brasil juntamente com um grupo chamado Galocantô.
No dia 7 de Setembro Deni ficou esperando a visita do amigo Serginho Meriti. -"Ele" me pedia pra ligar pro Serginho de 30 em 30 minutos, e por isso tive que buscar no congelador um petisco a mais para receber Serginho Merití e cia. Enfim, por volta das 21:00 o Dení já estava bastante cansado e foi dormir depois de jantar uma língua que seria servida caso o nosso prato principal (Bacalhau) não desse conta(rizos), explica nostalgico Alexandre Carvalho.
O ACASO DE UM POSSÍVEL DOCUMENTÁRIO ( imagem do documentário realizado durante entrevista com Alexandre Carvalho na véspera da internação-07/09/2010)
- "Sempre tirei fotos do Dení e naturalmente não podia deixar de registrar o que parecia ser a volta pra casa com nossos ilústres visitantes(rizos). Mas afinal era dia do aniversário de minha união com minha mulher( 7 de Setembro). Mas ele estava eufórico com visita de Serginho Meriti, que chegaria então pela tarde para visita-lo conta Alexandre. -Tive uma sacada,
aproveitei que o Serginho Merití ia lá pra casa e resolvi registrar tudo.
Alexandre relatou também que no dia anterior(06) Deni esteve
no pagode do Renascência com o amigo Alex "Barbudo" e por lá soube que pegou dinheiro para comprar rem´dio, um tal de
resfrenol(receitado no Souza Aguiar) para dor de cabeça.(
foto/deitado).
POSSÍVEL DOCUMENTÁRIO
Após alguns meses de profunda tristeza sem o Dení, iniciou-se um documentário, que está parado, haja vista outras atividades que sobrecarregam o jornalista e amigo Alexandre Carvalho, entretanto durante o decorrer do início de 2011, Alexandre gravou com Almir Guineto (à esquerda/foto), Serginho Meriti, Renatinho Partideiro, Tuninho Gerais, o amigo e também ex-fotógrafo: Jorge Antunes, Cassiana Pérola Negra (filha de Jovelina Pérola Negra), entre muitos outros, e por enquanto não há previsão para o término, somente que a última imagem oficial do cantor e versador Dení de Lima estará guardada para o momento certo e Alexandre ressalva que será exibido gratúítamente e também no site You Tube. -"Sei que o Deni de Lima já havia sido intrevistado pelo próprio sobrinho em um documentário junto a uma ONG, mas alguns amigos se recusaram a participar por entender que Dení não estava em uma fase muito feliz, e por isso desaprovaram a exibição dessas imagens, que mostravam o partideiro magro, agitado e mal vestido. Com tudo isso as rodas de samba nunca mais serão as mesmas sem o Dení.
BIRA PRESIDENTE - SEM QUESTIONAR OS DESÍGNOS DE DEUS
Alexandre: -"Me recordo de uma conversa que tive com o querido Bira Presidente lá no Cacique de Ramos". Diante os fatos é evidente que somente Deus sabe de tudo. E o Bira Presidente me transmitiu uma força espiritual muito grande e contou-me um pouco da própria experiência de vida. Me passou muita coisa boa.
-Durante nossa conversa refletimos que é possível que a serenidade do Deni diante tal gravidade mesmo sem saber do desfecho, junto uma força bondosa que senti e presenciei no próprio Deni, aquela convicção dele, talvez fosse realmente sua hora. Senti nele que era diferente das outras vezes, que queria uma vida realmente mais sossegada. Era perceptível no olhar e nos gestos do cantor Deni de lima.
O que para muitos pode não ser nada, para Deus não há fronteiras e não há explicações lógicas. Deus é tudo.
Matéria de Gringo Willy.