Capitão do Primeiro Mundial do Brasil
(São Paulo) Bellini: O ex-zagueiro Bellini , que nasceu em 7 de junho de 1930 e morreu nesta quinta-feira, aos 83 anos. Este incomensurável zagueiro Hideraldo Luís Bellini foi quem imortalizou o gesto de levantar a taça de campeão sobre a cabeça. Em 1958, na Suécia, ele era um dos líderes da equipe que encantou o mundo e venceu o time da casa na final por 5 a 2. Zagueiro, ele também esteve na conquista do bi, em 1962, no Chile, e no Mundial de 1966, na Inglaterra. Após lutar por dez anos contra o Mal de Alzheimer com a mesma bravura que apresentou nos 21 anos em que esteve nos campos de futebol foi Capitão do Brasil na Copa de 1958, quando a seleção conquistou o primeiro dos seus cinco títulos mundiais no futebol.
Na cinzenta e nublada tarde de 29 de junho de 1958, em Estocolmo, Hideraldo Luiz Bellini, o capitão da seleção, eternizou o gesto de erguer a taça, após a conquista do primeiro título mundial do Brasil. A pequena Jules Rimet de apenas 30 centímetros de altura e quatro quilos de peso foi levantada sobre a cabeça com a determinação de um dos jogadores mais raçudos da história do futebol brasileiro.
Bellini não haveria de lembrar-se de momentos históricos como: a Copa de 1938, perdida por geniais como Domingos da Guia e Leônidas da Silva, a infância vivida na pequena Itapira, a derrota doída no Maracanã na final da Copa de 1950, diante do Uruguai, o técnico Flávio Costa, que o incentivou a jogar sempre sério, e os 60 milhões de brasileiros que exigiram muita força daquele raçudo zagueiro.
Como disse lávio Costa, técnico vascaíno em 1952: -”Seu estilo rude e eficiente foi incentivado nos times nos quais atuou: Vasco, São Paulo, Atlético-PR. Ainda Flavio, Costa: -"Jogar bem, você não sabe. Trate de despachar a bola e deixe que seus companheiros façam as jogadas", .
Ciro Aranha, que assumira mais tarde a presidência do Vasco da Gama disse: -"Quando o senhor resolver escalar este rapaz, por favor, me avise para que eu não vá a campo", cansou de dizer.
-"Então é melhor o senhor ficar em casa no domingo", rebateu Flávio Costa, ao se recusar a colocá-lo no banco de reservas de uma equipe supercampeã, base da seleção brasileira, e que reunia lendas como Barbosa, Danilo e Ademir de Menezes.
Líder nato, foi escolhido de forma unânime pelo elenco como o capitão do fantástico time de 1958, superando um mestre como Nilton Santos, o estilista Didi e uma brilhante promessa como Pelé.
Mesmo sofrendo forte cãibras contra a Austria, disse Bellini aos companheiros: - "Levanta e vamos jogar". Nem o companheiro de zaga, Orlando Peçanha, de estilo clássico, era poupado de críticas, ao se exibir e tocar de letra dentro da área. -" Para com isso moleque!", dizia Bellini.
Integro, em 1964, pelo São Paulo, não concordou com o toque de bola excessivo dos companheiros, que "humilhavam" o adversário. Acabou com a festa dos companheiros dando um bico para as arquibancadas. Nem mesmo quando atuava pelo “Milionários”, equipe que reunia veteranos célebres na Colômbia, Bellini deixou de lado a seriedade em campo. Brigou com Dorval, ex-ponta direita do eterno Santos de Pelé, por ele ter dado uns golinhos antes de um amistoso.
COMO ÍDOLO DO VASCO
Ídolo no vasco Bellini começou sua trajetória, no futebol em 1946, na sua cidade natal. Por lá, ele jogou pela Sociedade Esportiva Itapirense. Três anos depois, o ex-zagueiro se transferiu para a Esportiva Sanjoanense, time no qual permaneceu até 1951. Um ano depois, acertou transferência para o Vasco da Gama. No Gigante da Colina, Bellini ficou por 11 anos e conquistou três títulos estaduais (1952, 1956 e 1958). A passagem do ex-jogador pelo Vasco foi tão marcante que até hoje muitos torcedores e especialistas colocam seu nome entre os maiores jogadores de todos os tempos do clube. Após mais de uma década no Rio de Janeiro, ele se transferiu para o São Paulo.
Bellini, no entanto, não pegou uma época das mais gloriosas no Tricolor paulista. Com o estádio do Morumbi em fase de construção, não havia muito investimento no futebol. Resultado: o campeão do mundo não conquistou nenhum título pelo clube. Seu destino, então, foi o futebol paranaense. Pelo Atlético-PR, ele encerrou a carreira em 1969. Também sem conquistas.
- Céu está cada dia mais campeão. O querido Bellini foi levantar a Taça pra Deus. Descanse em paz. Você é eterno - escreveu o ex-atacante Dadá Maravilha em uma rede social.
Em 1990, passou a ensinar sua experiência para 200 garotos de 10 a 16 anos, em uma escolinha de futebol da Prefeitura de São Paulo no bairro do Ibirapuera.
-"É bom trabalhar com a criançada", feliz da vida, disse o zagueiro campeão do mundo de 1958 e 62 foi o décimo primeiro de 12 filhos do carroceiro imigrante italiano Hermínio Bellini.
Nesta noite o corpo será levado para Itapira, sua cidade natal no interior de São Paulo, onde será enterrado, no sábado.
O REI DO FUTEBOL DESABAFA
O Rei Pelé lamenta a perda e comentou no globoesporte.com: -Na Copa de 58, ele foi um dos jogadores que me deu muitas orientações, porque era um dos mais experientes. Eu tinha 17 anos, era muito jovem e tudo para mim era novidade. É uma perda muito grande para o futebol brasileiro, desabafou Pelé.
Fontes:globoesporte.com/ fotos: google image