Quem
foi disse que “malandro” não poderia ser
doutor? Na gíria carioca “malandro” é sinônimo de esperteza, boemia, e talento,
sobretudo no samba, lá em São
Paulo usam o termo “maloqueiro” para o mesmo sentido. Infelizmente
os brasileiros perderam aquele que sintetizava dicotomicamente a figura do “malandro”
ou “maloqueiro”, com a de doutor. Aos 89 anos o compositor Paulo Vanzolini morreu
às 23h35 deste último domingo (28) de Abril . Autor de uma carreira marcante, entretanto era
renomado academicamente. Paulo Varsolini era formado em Medicina no Brasil com
doutorado pela Universidade de Harvard, nos Estados Unidos. Foi também diretor
do Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo (USP), onde trabalhou por
mais de 40 anos. Em 2008, doou o acervo de sua biblioteca, com mais de 25 mil
itens – incluindo obras raras, periódicos e mapas – ao museu. Segundo o governo
de São Paulo, o valor do acervo é estimado em US$ 300 mil.
A brilhante dupla vida de compositor e cientista de Vanzolini
foi tema de documentário "Um homem de moral", de 2009. A obra do cineasta
Ricardo Dias registrou os preparativos para um show que fora realizado em 2003
no Sesc Vila Mariana, e com o mesmo diretor, Vanzolini filmou outros dois
documentários, ambos sobre sua vida na área científica.
Entre suas publicações estão "Tempos de cabo"
(1981) e "Lira" (1952). A discografia conta com discos como "Onze
sambas e uma capoeira", de 1967, com 12 composições interpretadas por
artistas como Chico Buarque, Adauto Santos, Luiz Carlos Paraná e Mauricy Souza
e com arranjos de Toquinho. Outro álbum lançado por Vanzolini é "Por ele
mesmo", que saiu em 1981 e foi o primeiro no qual ele também cantou.
Na vida
científica fora premiado pela Ordem Nacional do Mérito Científico com a classe
Grã-Cruz por sua contribuição na área das Ciências Biológicas. Pelo mesmo
motivo, recebeu também um prêmio da Fundação Guggenheim, de Nova York. Paulo Varsolini foi enterrado às 16h no Cemitério
da Consolação. O velório e o enterro foram fechados ao público.
Fonte G1